"Namorados. São uma coisa porreira. Fazem-nos sentir a nós mulheres bonitas, únicas, amadas e desejadas. Chamam-nos Pequeninas, Princesas e outras delícias para o ouvido e o coração, enchem- se de paciência para ouvir os nossos desabafos e alinham com os nossos amigos. Alguns até têm um dom especial para lidar com as nossas mães, mas isso é uma singularidade rara, não podemos contar com ela no comum mortal.
Namorados. São uma coisa porreira. Até ao dia. O dia em que acordam e ficam com dúvidas, acendem a luz de alarme do complicómetro e começam a pensar no-que-é-que-isto-vai-dar, ou então ligam o radar que é outra peça que vem sempre acoplada ao macho e descobrem que o mundo está cheio a abarrotar de Princesas, Pequeninas e outros seres maravilhosos com longas pestanas, calças de ganga justas e cabelos compridos. E que muitas delas, coitadinhas, estão tão sozinhas, mesmo a precisar de companhia.
Como dizia o outro – desculpem andar-me a repetir com citações, parece que já usei esta, mas para mim é mais ou menos como o puré de batata nos menús dos colégios, dá para tudo – o homem caça e luta, a mulher intriga e sonha. E caça mesmo. Perdizes, narcejas, galinholas, Cláudias, Kátias ou Luisas, tanto faz. No couto ou no Lux, é indiferente. Ao meio dia num campo descoberto ou às cinco da manhã na pista da Kapital, não é relevante. O que o Homem gosta é do acto predador: se é um safari no Quénia ou uma saída na movida lisboeta, tanto faz. Há que apanhar uma presa e dar-lhe cabo do canastro. O que é preciso é um tipo manter-se vivo, dizia-me outro dia um caçador nato. Como se a vida dependesse disso.
Namorados. São uma coisa porreira, se nunca nos esquecermos que são como os iogurtes: saborosos, docinhos, deliciosos, mas com prazo de validade. Mas há que olhar para o lado do bom da coisa e fazer como diziam os romanos carpe diem, que é como quem diz, aproveitar o dia e esperar pelo dia seguinte sem esperar nada. Com um bocadinho de sorte, pode ser que ele ainda lá esteja, ou telefone, ou não lhe tenha apetecido ir às narcejas. Ou às Cláudias"
2.16.2010
Ridícula !
- já não me amas?
-amo. mas amo-me muito mais a mim. por isso deixo-te, porque sei que amanhã vais encontrar alguém no metro ou na paragem do autocarro. é por te amar que te deixo, só por isso.
-tens um argumento ridículo.
-hoje até que me sinto bastante ridícula.
-porque é que me vais deixar?
-sou demasiado egoísta para saber cuidar de alguém. vais descobrir uma pessoa que o saiba fazer de uma maneira muito melhor, mas essa nunca te vai amar da mesma maneira que eu.
porque eu amo de maneira ridícula.
-amo. mas amo-me muito mais a mim. por isso deixo-te, porque sei que amanhã vais encontrar alguém no metro ou na paragem do autocarro. é por te amar que te deixo, só por isso.
-tens um argumento ridículo.
-hoje até que me sinto bastante ridícula.
-porque é que me vais deixar?
-sou demasiado egoísta para saber cuidar de alguém. vais descobrir uma pessoa que o saiba fazer de uma maneira muito melhor, mas essa nunca te vai amar da mesma maneira que eu.
porque eu amo de maneira ridícula.
Sei que um dia ...
"Sei que um dia te vais lembrar de mim, e os números da tua agenda passarão claramente à tua frente e não terás nenhum para marcar. Talvez até tentes o meu, mas até lá posso não te atender ou talvez aquele já nem seja o meu número. Vais tentar chamar alguém, mas não vai haver ninguém que largue tudo para te ir dar um abraço. Nessa fracção de segundo, quando os teus pés perderem o chão, vais-te lembrar do meu carinho e do meu sorriso inocente. Virão súbitas memórias dos nossos momentos, abraços ou até do sossego quando adormecias no meu peito. E só haverá uma música a repetir no teu rádio: a nossa. E num novo momento vais sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vais torcer bem forte para ter tudo o que era nosso de volta. Vais estar deitado na tua cama, a ver televisão, como mais uma das muitas noites que aí passas, vais ouvir a chuva a cair e vais sentir um imenso vazio por não teres um grande amor para compartilhar esse momento. Não terás ninguém para brincar contigo, admirar o pôr-do-sol, ou até mesmo partilhar as tuas histórias com um grande entusiasmo, como o fazias. O nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te falava sempre. Quando finalmente bateres na minha porta, ela estará trancada ou se aberta, mostrará uma casa vazia. Os teus olhos vão ensinar-te o que são lágrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. E vais lembrar-te das festas que eu fazia no teu cabelo para adormeceres, do meu jeito de te tentar fazer feliz. O nome do enjoo que vais sentir é arrependimento. Um dia quando te deitares e olhares para o tecto do teu quarto escuro, vais-te lembrar que as estrelas poderiam lá estar, para iluminar todas as tuas noites frias, mas tudo o que vais ver é a escuridão. E quando os dias passarem e eu não te ligar, quando sentires que o mundo é enorme e que mesmo assim te sentes sozinho, e quando ninguém te olhar como eu te olhava, vais encontrar a solidão. E vais ver que diante de tudo isso, alguns dos meus defeitos poderiam ter sido perdoáveis."
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